domingo, 29 de novembro de 2009

O SEXO COMANDA A VIDA (?!)

Assim se intitula um poema de Pedro Barroso, o qual me foi enviado há dias pela Net. Logo reagi com um pequeno comentário, que se me afigura oportuno desenvolver, após o debate “Prós e Contras” a que assisti no dia 16, em que mais uma vez me pareceu ser dado um tratamento confuso a questões essenciais. Efectivamente, sendo o texto acima referido poeticamente sugestivo e insinuante, revelava implicitamente, e de forma expressiva a realidade da mentalidade e cultura duma maioria da nossa sociedade moderna, influenciada por uma concepção preocupantemente redutora da “sexualidade humana”, considerando-a apenas na sua vertente de “genitalidade animal”, e o prazer que lhe está associado, como seu objectivo fundamental.
É o que chamei, já então, a “civilização da “queca””!
É um facto incontornável (como agora é fino dizer !) que, para quem tem tal mentalidade, tudo na vida, de forma directa ou indirecta, gira à volta do sexo, parecendo vir-se confirmar as teorias de Freud.
Não em vou alongar, até porque já o fiz noutras oportunidades, a realçar as diferenças essenciais entre a tal “sexualidade primária” e o que deveria ser uma “sexualidade humana” integral, bem entendida e assumida; tão pouco vou repetir o que se deve entender por Amor, no sentido correcto da palavra, e que nada tem a ver, também, com o “faire amour” que reduz, geralmente, a relação ao seu oposto, numa busca egoísta da satisfação pessoal, em consonância com uma cultura hedonista.

O objectivo desta reflexão agora, é o de salientar que tal visão de sexo é já, em si mesma, uma perversão e um “desvio” em relação à “natureza humana”, quando considerada numa percepção integral, estando na base e na origem de todos os outros “desvios comportamentais” que afloram na sociedade como manifestações de tal mentalidade e cultura, de forma cada vez mais preocupante, com a agravante de virem reivindicar estatuto e direitos iguais aos dos cidadãos que agem de “forma normal”, de acordo com a “natureza humana”. É aquilo a que se chama de “comportamentos desviantes”! É curioso o silêncio dos chamados “naturistas” face à defesa do uso dos órgãos destinados à reprodução e preservação da espécie, com objectivos que se afastam, ou mesmo, opõem a tal finalidade !
Mas, o mesmo sempre aconteceu, ao longo da história da humanidade, nos períodos de decadência de todas as civilizações ! A diferença é que as novas tecnologias da modernidade favorecem um impacto de muito maiores dimensões e de consequências mais nefastas.
É o que se constata nos noticiários de todos os dias e, agora, com particular relevo na “agenda política” do momento, no nosso País !

Efectivamente, esta concepção vigente da sexualidade, conduz a uma vivencia pobre das relações, nada criativa, monótona e, até, fastidiosa, o que está na base na instabilidade destes relacionamentos irresponsáveis, precários e inconsequentes. Tal é a consequência de se considerar o sexo como visando o prazer; o que importa é “curtir” (a perversão está em pôr o sexo ao serviço do prazer, em vez de valorizar o prazer como estímulo sexual) ! E tal objectivo, o do prazer, por si só efémero e passageiro, favorece a rotina e não satisfaz os anseios mais profundos da natureza humana. O prazer físico, só por si, não dá a verdadeira felicidade e, ao contrário do amor, esmorece com a rotina e habituação; como em tudo o mais, relacionado com o “corpo físico”, a monotonia embota a sensibilidade e o estímulo da novidade desaparece, sendo necessário encontrar novas motivações noutras “novidades”, na variedade, na diversidade, no inesperado, no bizarro !
E quando o “normal” não satisfaz, e o estímulo passa a ser o bizarro, começa a aflorar o “vale tudo”! Tal evolução poderá não ter limites, deixando de haver regras e valores: da masturbação às “relações ocasionais” e passageiras (a que se chama de “caso”), segue-se para o chamado “amor livre”, o “swing”, a banalização do divórcio, a libertinagem, a consequente defesa da pílula para contrariar a Natureza (e perverter a “razão primária” da genitalidade !), o divulgação do uso do preservativo (para compensar os falhanços da pílula) caindo-se, por fim, na violência do aborto (necessário para compensar as insuficiências do preservativo). Tudo vem em sequência e tudo resulta dessa mesma cultura: é um “silogismo em cadeia” (que aprendemos, no Liceu, a chamar de sorites) !
Quando o objectivo é “curtir”, e o estímulo o bizarro, e quando o “normal” se torna banal, vulgar e menos estimulante, o natural será que se procurem variantes mais apelativas surgindo, como corolário do referido sorites, as “taras” dos comportamentos mais desviantes e que suscitam, hipocritamente, as grandes parangonas dos escândalos noticiosos (o que convém ao negócio da “comunicação social”, e outros negócios de “empresários” de sucesso recente: alterne, tráfego de crianças, droga, etc.!), alimentados pela florescente literatura pornográfica: a pornografia infantil, a pedofilia e a homossexualidade.
Dizem os noticiários haver grande preocupação com a SIDA, mas nada se faz para ir à solução na raiz do raiz do problema: uma mudança de cultura e de comportamentos ! Tudo está ligado !

Estou consciente de que não é “politicamente correcto” atrever-me a afirmar que tais comportamentos correspondem a desvios em relação ao “normal”, ou seja, com o que está de acordo com a Natureza; tal consideração é, até mesmo, considerada um novo crime: a “homofobia” ! Mesmo assim, creio ser importante deixar frisado que há muitos casos de mulheres “machonas”, ou um homens “efeminados” que não são, forçosamente, homossexuais. Muita gente há, homens e mulheres, com algumas flutuações, no que se refere ao seu “perfil sexual”, em relação aos padrões correntes, com desvios dentro dos limites duma “franja de normalidade” aceitáveis, e que nem por isso deixam de fazer uma vida equilibrada socialmente. È indispensável salientar este facto e que só resolve “assumir”, como se diz, quem viva obcecado com o tal “gozo sexual” e faça disso uma prioridade e objectivo de vida ! Nisso está o “desvio” ! Tal concepção de sexualidade é que é “doença” !
Trata-se, de facto, duma “doença cultural”e civilizacional que não, forçosamente, uma doença mental ou fisiológica o que é, naturalmente, bastante raro.
Tudo o resto é uma consequência directa desta concepção de sexualidade! E não é esta a mentalidade de muita “boa gente” ? Não é verdade que de facto, para a maioria, “o sexo comanda a vida” ?

Considero conveniente frisar que falar claro e denunciar o erro, não é falta de caridade !
Pelo contrário ! Falta de caridade é, por medo ou comodismo, deixar correr.
Se é verdade que se deve respeito e carinho a toda a gente, tal não significa anuência com o erro, que deve ser denunciado sempre, com frontalidade.
E se maior carinho e compaixão nos merece quem é doente ou, de alguma forma deficiente, devem ser rejeitados os comportamentos aberrantes de quem se julga no direito de ser original e, acintosamente, afrontar o que é normal e saudável, quer do ponto de vista pessoal, quer social e moral. Denunciar isto não é descriminação, nem atentado a qualquer direito legítimo.
Só razões de estratégia política, para servir fins estranhos que nada terão a ver com a defesa da cultura e civilização, podem explicar o desaforo de vir esta nova minoria reivindicar o reconhecimento de um estatuto e de direitos iguais aos de todos os cidadãos que se regem por normas de conduta em conformidade com a mais elementar “moral natural” (não só duma “cultura conservadora” de inspiração Cristã, ou Católica, como é insinuado pelos anti-clericalistas)! Será que estas questões se põem também no mundo Islâmico ?!
Se o “direito à asneira” passa a ser defensável, porque não contemplar os direitos dos contrabandistas, dos traficantes, dos corruptos, etc. Será que estes também tem “direito à diferença”?
Basta de demagogia !
Porque será que os mesmos que lutaram pelo referendo do aborto, vem agora calorosamente contestar o referendo sobre a “igualdade” de estatuto das uniões homossexuais, como se viu no referido “Prós e Contras” ?
Porque será que os mesmos, também, que lutaram contra a “instituição retrógrada” do casamento heterossexual, defendendo a igualdade de direitos das “uniões livres”(!), vem agora defender o “casamento homossexual”? Há em tudo isto algo de profundamente errado e contraditório, que não dá para entender e que deve ser denunciado !
Creio que ressalta evidente a sua “pureza de intenções”!

Então, para que não seja o sexo (mal entendido) a comandar a vida de muita gente e, em especial, de muitos jovens, torna-se fundamental e urgente uma correcta “educação sexual”, que não será o que se pretende difundir nas escolas (ensinando-se o que toda a gente sabe já, e o que nunca deveria saber, por favorecer perversidades desviantes !), deixando bem claro o que está errado e conduz ao caos que se vai vendo.
Urge tudo fazer para se corrigir e superar esta “cultura da queca”, para se implantar uma nova cultura, duma verdadeira “civilização do Amor”!

MG 22.11.2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAIM, E … ABEL !!

CAIM, E … ABEL !!

Esta reflexão não resulta directamente da polémica gerada pelo último livro de Saramago, embora a mesma venha dar alguma acuidade mais ao assunto.
De todo o conjunto de histórias que a Bíblia contém, com toda a carga simbólica das suas mensagens (e que Saramago não consegue entender !), ressalta esta chamada de atenção para o possível conflito entre irmãos, simbolicamente personalizados nas figuras de Abel e Caim (se fossem figuras reais, históricas, a descendência teria ficado por aí !), filhos de um Adão e Eva, que simbolizam, por sua vez, uma primeira geração desta frágil “humanidade” itinerante, mas já com os “dons” únicos que os faz ser “à semelhança de Deus” !
Este episódio retrata, pois, e alerta para uma questão essencial da sociedade humana: a qualidade das relações entre irmãos. È essa a função de toda a mensagem Bíblica: alertar para as nossas fragilidades. É mais uma “história deplorável”, no dizer de Saramago ! Mas, a nossa humanidade,… é mesmo assim !

Ocorreu-me esta análise ao deparar com a casualidade de ter recorrido à colaboração de uma empresa “prestadora de serviços”, cujos sócios são dois irmãos que, além de sócios, também trabalham em conjunto. Fiquei um pouco surpreendido ! Raramente, no decorrer duma vida já algo longa, se me tinha deparado caso idêntico ! Interpelei-os, procurando analisar os seus antecedentes familiares, tendo-me parecido poder concluir que tal resultara do mérito do ambiente familiar criado pelos seus Pais.

De facto, a primeira situação de “relação social” com que a maioria de nós é confrontada (à semelhança, aliás, com o que acontece com as restantes espécies animais !) é a de se ser envolvido numa primeira situação de eventual “conflito de interesses”, numa competição pelos afectos, se não pela sobrevivência. Perante tal realidade há, como em tudo, dois caminhos que resultam de duas opções possíveis: a da harmonia, da amizade e solidariedade, que se pode manifestar numa atitude de conivência e cumplicidade, ou a de desarmonia e egoísmo, podendo levar à disputa, à confrontação, à prepotência, do “salve-se quem puder”! Como em tudo, é sempre uma questão de atitude e cultura, ou seja de valores e princípios.
Afigura-se-me claro que, face à tentação espontânea e primária da defesa egoísta dos interesses pessoais, personalizada em Caim, e que conduz às lutas fratricidas (profeticamente espelhadas neste episódio Bíblico e de que a história da humanidade está recheada, o que sempre me chocou profundamente), só uma actuação atenta e esclarecida dos Pais pode fazer valer “valores mais altos” e inverter tal impulso. Admito que os “primeiros Pais” não estivessem muito sensibilizados para o seu papel ! E, creio mesmo que, ainda hoje, pouca gente o estará . Todos conhecemos, infelizmente, casos de irmãos separados e hostilizados por tricas mesquinhas, de vária ordem, bem como de irmãos que são “unha com carne”.
Creio que valerá a pena analisar a sua história familiar e perceber a importância do ambiente que lhes foi proporcionado e o papel decisivo duma actuação inteligente dos Pais, numa estratégia de educação que tenha incutido valores que induzam às opções mais desejáveis. Julgo ser da maior importância que todos os Pais tenham consciência da importância determinante da sua actuação e do seu exemplo, agindo de forma coerente e consequente. O bom ambiente familiar, não sendo determinante, é essencial.
Como todos os “amores”, também o fraternal é, no entanto, susceptível de perversidades, podendo pecar por excesso ou exagero, havendo casos em que o egoísmo individual migra para um “egoísmo de grupo”, gerando-se uma comunidade fechada sobre si, constituindo-se uma espécie de “máfia”! Há casos conhecidos.

Mas, voltando ao tema, considero ser, assim, um espectáculo sempre edificante observar o sucesso, quando o há, desta primeira experiencia de vida em comunidade. Este será um primeiro passo para uma educação e sensibilização para a cidadania e para as questões sociais que a todos deviam preocupar. Que civismo esperar de pessoas que nem as relações entre irmãos conseguem gerir, deixando sobrepor-se os seus interesses individualistas e egoístas ? Não se espere que seja possível construir na sociedade um clima de paz e justiça, se não houver uma sólida estrutura familiar.
Julgo, portanto, ser da maior importância e premência alertar os Pais para que estejam conscientes da mais esta sua responsabilidade para que, bem atentos, actuem de forma esclarecida.

Felicito todos os Pais que foram capazes de gerar uma comunidade de irmãos unidos, amigos e solidários: aí, nessa comunidade, está o “Amor de Deus”, mesmo quando não conscientes desse facto.

domingo, 25 de outubro de 2009

Mudança da hora ! Para quê ?

Mudança da hora ! Para quê ?

Sempre me incomodou esta mudança horária duas vezes por ano !
Afigura-se-me provocar uma alteração brusca, uma descontinuidade no nosso ritmo biológico, em contraposição ao funcionamento normal da Natureza. Certamente que antes desta “invenção” toda a gente vivia, nos seus respectivos lugares, ao ritmo da hora solar; é velho o aforismo relacionando os hábitos saudáveis de vida com o “levantar e deitar com as galinhas”, sendo certo que estas não mudam o seu horário por uma qualquer determinação legal !
Parece que está provado que o incómodo decorrente de tal descontinuidade não é saudável favorecendo, mesmo, quadros depressivos e afectando o rendimento do trabalho durante algum tempo; tal poderia ser aceite como “mal menor”, se e quando “valores mais altos se alevantam” ! Terá sido esse o caso, quando tal prática foi implementada internacionalmente, mas creio que nos tempos actuais tal carece de justificação, mantendo-se apenas por simples inércia e pela tradicional “reacção à mudança”.

Ao que consta, tal prática foi adoptada a partir de 1884, no advento da industrialização e das telecomunicações, por razões de facilitação de contactos comerciais internacionais, para harmonizar os horários dos Países que mantinham entre si uma relação mais frequente, particularmente dentro da Europa mais próxima; nos tempos actuais da globalização (em que os grandes negócios se fazem com os Países mais variados e longínquos) e das novas tecnologias de comunicação proporcionadas pela informática (em que se está, permanentemente, “on line” com todo o Mundo, seja qual for a hora e o sítio) tal harmonização tornou-se impossível e inútil.
Quando o sistema foi lançado, foi tomado como referencia o “meridiano de Greenwich”, certamente pela importância da Inglaterra no concerto das Nações, à época; mas isso é irrelevante e pacífico: a “referência mundial” tem que estar em qualquer sítio, e não vejo justificação para mudar; seria uma descortesia injustificada para os pioneiros !

Considero que, nos tempos actuais, há duas questões independentes que poderiam ser reponderadas:
- a definição das “fronteiras horárias” (com base nos “fusos”), a partir de um
“meridiano de referência” (que poderia ser o actual, ou não !);
- a manutenção da mudança de hora Verão/Inverno.

Quanto à primeira, e tendo em conta que parece carecer de justificação, na actualidade, uma preocupação de harmonização (e considerando que os fusos não podem deixar de ser 24 !), parece não fazer sentido que em cada lugar a “hora oficial” se afaste muito da “hora solar”. Sendo que um fuso corresponde a 1.666,(6) Km (no Equador, e por definição de “metro-padrão”; na nossa latitude a cerca de 1.000 Km), e para se ter uma ideia, um País como a Espanha abrange um fuso; se Madrid adoptasse a “hora solar”, em Barcelona a vida começaria ½ hora mais tarde do que a “sua hora solar”, e a Corunha ½ hora mais cedo. Não seria grave ! Seria inevitável que os “hábitos horários” (horas de levantar e deitar, e de refeições) fossem ligeiramente diferentes nas duas costas. O mesmo se passará noutros Países com dimensão (em longitude) que abranja mais do que um fuso.
Não creio que houvesse algum inconveniente em que cada País (ou “regiões” correspondentes a um fuso) adoptasse o seu “meridiano de referência”, para proporcionar uma harmonização interna; as tecnologias actuais propiciam a adopção de soluções expeditas para o viajante: a questão já se põe com o sistema actual ! A definição de tal meridiano poderá ajustar-se de forma a atender às “fronteiras nacionais” (ou regionais): margens de cem ou duzentos Km, para um lado ou outro, não introduziriam, aparentemente, perturbação relevante.

Relevante parece ser a perturbação provocada pela questão da mudança de horário !
Considerando, no caso Português, que:

- se constata que no “horário de Verão” a “hora oficial” está adiantada cerca de duas horas em
relação à “hora solar” (o Sol atinge o ponto mais alto da sua “trajectória aparente”, indicando o
Sul e a que deveria corresponder às 12 horas, cerca das 14 horas oficiais !);

- de que decorre que nos dias mais longos há luminosidade até cerca das 22 horas (o que não é
normal, nem saudável !);

- se verifica que (à longitude do Porto) NascºSol Pôr Sol Duração
no “solstício de Verão” – hora oficial….…………. 6.01 … 21.09 … 15.08 h
hora solar …(difª 2 h).… 4.01 … 19.09

no “solstício de Inverno” – hora oficial……………. 7.57 … 17.09 …. 9.12 h
hora solar …(dif.ª 1 h)… 6.57 … 16.09

tal permite concluir que a adopção da “hora solar” (real e de harmonia com a Natureza !) ao longo do ano, sem alterações, proporcionando a integração de horários normais de trabalho (entre as 8 h e as 19 h) no Verão e propicia condições mais favoráveis (mesmo para a deslocação de crianças para a escola: uma hora mais tarde, com melhores condições de luminosidade !) no Inverno.
O argumento de que o actual “horário de Verão” favorece o turismo não colhe: tudo é uma questão de hábito e os turistas fazem exactamente os mesmos “programas”, a horas diferentes; o dia, é o mesmo ! Em vez de passear às 22 h (oficiais) fazem-no, exactamente nas mesma condições, às 20 h (reais)!
Qual a vantagem de cá se começar a vida (a maioria) às 9 h (oficiais) se, na realidade, são 7 h (hora solar) ? É apenas uma questão de convenção e sugestão ! No Brasil, onde anoitece pelas 18 h (e não são mais infelizes por isso !), tudo anda na praia a fazer exercício às 6 h ! Não será que eles é que estão certos ?
Porque havemos de acertar a nossa hora pela Inglaterra ? Não seria mais lógico estar sincronizados com Espanha ? Acharia natural, se lá se adoptasse a hora solar; ficaríamos em condições iguais às da Galiza. Mas, não me parece haver algum impedimento a que definíssemos o nosso próprio meridiano; ficaríamos na situação ideal e, talvez a Galiza alinhasse por nós !

Há quem argumente, ainda, que a mudança de hora favorece a poupança de energia. Parece-me evidente que para se atingir tal objectivo o conveniente será acompanhar o ritmo da Natureza e adaptar os hábitos em conformidade ! A análise do balanço energético resultará de avaliar a incidência do consumo da “população activa”, ao longo do dia, afigurando-se-me, pelos dados expostos que a adopção do “horário solar” será o mais adequado.
Afinal, com a mudança de hoje, anoitecendo ainda mais cedo, parece que só se vai agravar mais a factura energética !

Parecendo poder concluir que, nos tempos actuais, as mudanças de horário, sendo contraproducentes e inconvenientes, são já injustificadas, consideraria interessante que “quem de direito” (o Observatório Astronómico Nacional, e entidades equivalentes a nível internacional) se dispusesse a vencer a rotina, equacionando a conveniência de redefinir as “fronteiras horárias” de cada País e, consequentemente, a adopção para cada um do respectivo “horário solar” e constante ao longo do ano, a favor do bem-estar físico e mental das suas gentes e, afinal, do aumento da sua produtividade.
Preparemo-nos para gozar, desta vez e nesta noite de chuva, uma horinha de brinde !

MG 24.10.2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direita “à Portuguesa”!!

À força de tanto ouvir repetir (jornalistas, comentadores e, até, o Sr. Presidente da República !), vou ter que aprender e interiorizar que, em Portugal, a “direita” é constituída pelo PP e PSD !
Durante as campanhas dos três recentes actos eleitorais e nos comentários subsequentes, foi o que se ouviu de gente de todos os quadrantes, nas suas análises comparativas, focando as subidas e descidas da dita “direita”, em relação à “esquerda”; e ficavam todos muito contentes com a superficialidade das suas conclusões !
Como querem que o País se entenda e tome rumo certo, quando os mais responsáveis pela opinião pública convivem com a confusão, ou mesmo, a fomentam ? Já em tempos manifestei a minha irritação quando se dizia que havia uma “crise da oposição” às políticas dum governo que se intitula “socialista”, e que não tem outro remédio do que ir tomando as medidas efectivas que a “oposição” gostaria de adoptar se, quando poder, não fosse impedida pelos “parceiros de (des)concertação”, e por uma “opinião pública” acicatada por uma “comunicação social” interessada na confusão?
Como se pretende que um partido como o PSD constitua ou apresente uma “alternativa credível”, quando ninguém, dentro e fora sabe o que defende, realmente ?
Não será esta a causa real do tão recentemente proclamado “défice democrático”?

Na minha opinião, o que está a provocar tal “asfixia” é a impossibilidade e o contra-senso de um partido de nome e génese “social democrata” poder ser considerado e assumir um estatuto de partido de direita ! Desde quando a “social democracia”, que esteve na génese do chamado “socialismo democrático” e se integra na “família socialista” da Europa, se pode intitular e ser considerado de direita ? Só numa “democracia de um país das bananas”!
O que se constata, efectivamente, é que o PSD abriga uma maioria “não socialista”, com variadas tendências, algumas com princípios mais próximos das suas raízes ideológicas, outras mais liberais ainda que os “democratas cristãos” genuínos ! Quando convém, aparece a defender as chamadas “políticas de direita”, mas nas horas de espectáculo veste as suas roupagens (as genuínas !) de esquerda ! Quem os entende ? Como se podem entender entre si ? Resulta daí o tal “saco de gatos” de que se vai dando conta !
A Dr.ª Manuela Ferreira Leite não diz nada ! Nem pode: ou mente, ou diz o que não é “politicamente correcto” dizer ! O Sr. Presidente, claro, também não diz ! A “malta” apatetada e encavacada, finge não perceber, e entretém-se,…ironizando !
Coisa semelhante se passa com o partido dito “socialista”, integrando uma maioria que é tão socialista como a minha Avó, que era fina e não ia em cantigas (!), que defende medidas pragmáticas de direita, mas que, também na “hora de verdade” puxa dos seus pergaminhos marxistas, liderado pelo burguês Manuel Alegre ! Ora dão no cravo, ora na ferradura ! Outra salsada !
São estes os dois “grandes partidos” em que se alicerça e constrói a “alternância democrática” neste pobre (em espírito) País !

Já noutra oportunidade referi que considerava que tais incoerências e contradições dos dois maiores partidos portugueses, resultado da “esclarecida pressão” do PREC, estarão na génese da crise política em que vivemos há muitos anos, neste desorientado País. Estes partidos, quando no poder, tentam fazer o que sabem ser imperioso, tendo antes anunciado políticas que sabiam não haver condições para implementar e acabando, por fazer alarde, quando na oposição do que achavam que deveria ser feito, mas não tiveram capacidade para fazer !

Neste triste contexto, nada me surpreendeu e constituiu motivo de esperança constatar que algum eleitorado tradicional do PSD começou, finalmente a compreender e migrou para o PP; nada me surpreendeu e muito me preocupou que, identicamente, parte do eleitorado do PS tenha migrado par o BE ! Só me continua a surpreender que os comentadores, tão entendidos, queiram continuar a fingir que não entendem e a dar roda de burro ao Povo inocente, que se deixa influenciar por eles !

Vislumbrou-se uma oportunidade para corrigir o nosso “pecado original”, quando se formou a AD, que aglutinava a “maioria” declaradamente não socialista; sempre afirmei considerar que o “pseudo-acidente” de Camarate foi, na minha opinião, o facto político mais relevante e determinante do rumo do País, depois do “25 de Abril” . Foi uma oportunidade perdida e que ninguém, até agora, conseguiu retomar. Os recentes resultados eleitorais apontam ou sugerem que o seu ressurgimento poderia ser um caminho a considerar, seriamente. Porém, tal só será possível quando os políticos deixaram de pensar no “poleiro” e privilegiarem os interesses da País. O Dr. Medina Carreira afirmou, antes das eleições, que o caminho seria o de se formar um governo de iniciativa presidencial, que integrasse gente competente, séria e dedicada, independente de filiações ou interesses partidários mesquinhos; porém, tal é inconstitucional !
O que é constitucional é esta “espécie de democracia” de “faz de conta”, com que nos vamos afundando, alegremente !
Entretanto, para distrair e entreter papalvos virão, para “salvar a pátria” as propostas do BE para facilitar e promover a dissolução dos costumes e fragilizar mais o tecido social; o pior será que o PS, para agradar a certo eleitorado e mostrar que é moderno e civilizado, vai vestir as roupagens de esquerda e fingir que está de acordo e acalmar os arruaceiros ! Se tal se confirmar, as consequências sociais poderão ser mais funestas que as decorrentes das “amplas liberdades” do “25 de Abril” !

O preocupante é que, para opor a estes desmandos políticos temos,…nada !
Naquilo a que se chama a “direita conservadora” temos o PP, que não tem “peso” suficiente, e o PSD, destroçado por “tendências e divergências”, que não sabe o que é nem o que quer, e que se ocupa a fazer oposição a si próprio, como se viu !
Sinto-me, verdadeiramente, e cada vez mais “asfixiado” com tanto “défice democrático”!
Seria bom que começamos todos a “ponderar”, efectivamente e a sério nos “males de raiz” desta pobre “espécie de democracia”!


MG 22.10.2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A “confusão da procriação”!

Hoje é considerado “moderno e avançado” (e politicamente correcto !) afirmar-se que é “redutor e retrógrado” associar o casamento à procriação ! Assim o proclamou, “ex cátedra”, o Dr. Manuel Alegre na sua recente intervenção comicieira, para dar uma mãozinha ao desacreditado PS.
O facto é que é verdade que reduzir o casamento à procriação é, efectivamente, primário; na “espécie humana”, e ao contrário de todas as outras espécies vivas, vegetais ou animais, o “casamento” de dois seres (diferentes e complementares) deve ser muito mais do que a mera procriação ! A relação plena do casal deve resultar duma comunhão de afectos e sentimentos, duma identidade de culturas e mentalidades, duma coincidência de gostos e projectos, dum reforço de vontades e cumplicidades, que resulta numa fusão de almas que se traduz, naturalmente, numa sublime entrega física; a mesma, sem o resto, é animalesco e grotesco ! A esse empenhamento total, comprometido, responsável e eterno, chama-se “amor conjugal”, no sentido não pervertido da palavra, tão banalizada e desgastada !

É bom frisar que esta não é uma bandeira da Igreja católica !
Não é preciso ser católico, bastando ter uma visão humanista, para se perceber as diferenças: se procriação sem amor revela, geralmente, um relacionamento primário e pobre, não se entende um verdadeiro amor, sem abertura à procriação. Casamento intencionalmente fechado à procriação é um atentado contra a Natureza; o “prazer” é um estímulo legítimo da natureza, ao serviço da função primordial de “defesa da espécie”; reduzir a relação à busca do prazer, como fim único, é uma perversão de que decorrem, como consequência lógica, todas as aberrações a que se assiste nesta sociedade em decadência. É um absurdo !

Tal abertura não está em contradição com uma paternidade consciente e responsável; o “controlo da natalidade”, gerido de forma inteligente, consciente e generosa, é uma inevitabilidade para o equilíbrio físico, emocional, psíquico do casal e, até, para uma conveniente estabilidade económica. É, mesmo, uma necessidade para garantir condições, financeiras e de disponibilidade mental, para proporcionar uma conveniente educação aos Filhos.
Relacionamentos irresponsáveis e inconsequentes são uma das mais graves sequelas desta nossa “civilização ocidental”, responsável pelas limitações da natalidade, com todas as sequências conhecidas e de que deveríamos estar conscientes e deveriam preocupar, seriamente, os responsáveis políticos: sustentabilidade da “segurança social” (assim comprometida, justamente, pelos que dizem defendê-la !), bem como a própria sobrevivência desta civilização, afogada pela invasão descontrolada de outras onde tais questões se não discutem, sequer !

Estejamos, pois, bem atentos às demagogias oportunistas de quem parece estar mais interessado no protagonismo pessoal e na decadência da nossa sociedade, se é que não estão, efectivamente, hipotecados a interesses que se me afigura não conduzirem à felicidade efectiva das nossas gentes.

MG 21.09.2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

MILAGRES DA TECNOLOGIA !

Foi celebrado ontem o 40º aniversário dum grande evento que, inegavelmente representou um marco histórico: o Homem pisou o solo lunar pela 1 ª vez !
Os noticiários enalteciam, deslumbrados, as maravilhas da ciência e da técnica, sugerindo que o homem estará cada vez mais capaz de se aproximar da origem e do fim das coisas deste Mundo ! Lembrou-me idênticos devaneios a propósito do CERN, que iria, finalmente, explicar a formação do Universo ! Delírios !

O nefasto acidente do A330 veio evidenciar que uma atitude de um pouco de humildade, seria bem mais sensata.
A obra humana é sempre imperfeita e incompleta, e mesmo aos mais altos níveis da tecnologia se cometem erros impensáveis e inexplicáveis, quase infantis ! Este acidente vem revelar vários, de que distingo cinco:

1- O “tubo de Pitot” é o instrumento rudimentar com que se avaliam, tanto quanto possível, velocidades relativas de aeronaves (em relação ao ar), o usado desde os primórdios da aviação, dos tempos dos aviões a hélice, que não ultrapassavam os 2.000 m de altitude, em que a densidade do ar não é substancialmente diferente da do nível do mar. É, assim, o utilizado nas pequenas aeronaves ligeiras, que os amadores desportistas usam.
Havendo na actualidade tecnologias muito mais rigorosas e fiáveis, não me passava pela cabeça que equipamentos que transportam centenas de vidas, voando a altitudes da ordem dos 9.000 m, a velocidades enormes e em condições meteorológicas e de temperatura exterior (50º negativos !) tão gravosas, ainda usassem tais instrumentos ! Foi do que me apercebi nas primeiras noticias, facto confirmado por um amigo, ex-piloto da Força Aérea e ainda ao serviço da aviação comercial. Fiquei abismado !
Efectivamente, continua a ser o “sistema principal” que, embora dê uma informação incorrecta (a grandes altitudes a velocidade real é muito maior !), mas que vai satisfazendo os objectivos do piloto, de dar a percepção da “sustentabilidade” da aeronave sendo certo, ainda, que a tecnologia usada nos grandes aviões comerciais é muito mais evoluída que a usada nos aviões ligeiros. Porém, o princípio é o mesmo !
Se não houvesse alternativa (tomara o Vasco da Gama ter podido dispor de “tubos Venturi”, espécie de equivalente hidráulico dos “tubos de Pitot” !), poderia ser um risco assumido, o que seria já de si discutível; mas agora, que se avalia com precisão, graças à tecnologia GPS, a velocidade duma viatura na estrada, ou de qualquer uma embarcação no oceano, afigura-se-me impensável induzir os pilotos em erros grosseiros e, com isso, arriscar centenas de vidas, avaliando a velocidade do avião com tais instrumentos, já de si de precisão duvidosa e que, até podem congelar ou entupir com gelo ! O meu amigo considera altamente improvável que tenha sido essa a causa do acidente; o facto é que foi admitida logo nas primeiras notícias.
A questão não seria, portanto, se os ditos tubos deveriam, ou não, ter sido substituídos por outros, de outro fabricante, como noticio a Comunicação Social; a questão será se deviam ainda ser usados (a não ser como meio auxiliar, de reserva) e substituídos por tecnologia mais fiável, afinal já existente !

2- Ficamos também a saber que nas “comunicações”, com a tecnologia utilizada, há “zonas de sombra”, ou seja, há largos espaços em que o piloto vem a “falar sozinho”, incomunicável, num tempo e num espaço em que se pode deparar com quaisquer imprevistos de toda a ordem ! Nessas zonas apenas se mantêm as comunicações HF (incómodas e com ruídos), que permitem as aeronaves comunicar entre si.
Seria, também, um risco assumido, se não houvesse alternativa ! Mas, quando qualquer cidadão se diverte a comunicar para qualquer parte do Mundo, mesmo para os antípodas, com o mais pequeno “computador portátil”, via Internet, com som e imagem (ex: Skype), como de admite que comunicações de tão grande responsabilidade não usem tais tecnologias ? Sendo as comunicações e via satélite ainda falíveis, como todos sabemos, poderiam manter os meios tradicionais como “sistema de reserva”!
Não dá para acreditar, mas,…é assim !

3- Mais ainda: tanto quanto percebi, há rotas próximas de certos Continentes, em que nas “torres de controlo” os “controladores aéreos” fecham o estaminé a partir do “horário normal de laboração” ou não estão habilitados a fornecer a informação conveniente (e previsível) para uma navegação mais segura, apenas preocupados com a contabilização dos voos para cobrar as taxas ! Parece ser o que os preocupa ! A ser verdade, o que até me custa a crer, tal ocorrerá precisamente no período de tráfego mais intenso, a que recorrem as Transportadoras, justamente por razões de economia !
A confirmar-se tal facto, creio que se impõe, por razões obvias, a criação de condições para reverter tal situação. Não se afigura muito difícil; haja “vontade política” !

4- Também fiquei estupefacto, ao ouvir as primeiras notícias, com a informação de que o acidente terá ocorrido numa zona de “ocorrência normal” de condições meteorológicas muito gravosas, justamente onde se formam as grandes tempestades tropicais ! Porque razão se não deviam as rotas duma zona com forte probabilidade de tempestades extremas ? Será, também, por razões de poupança ?
Diria a minha Avó: “vai-te lucro, que me dás perda “!!
O meu amigo diz, no entanto, que o equipamento de radar disponível detecta, de forma eficiente, todas as ocorrências a tempo de serem tomadas as providencias necessárias, desviando o rumo para o lado mais conveniente e que tais borrascas se não formam de forma súbita e imprevisível; assim sendo, a procedimento normal é ir “a direito”, pelo caminho mais curto,
Parece-me, portanto uma história mal contada, empolada pelo sensacionalismo da Comunicação Social !

5- Outra questão que em deixa perplexo é a das “caixas negras”, de cuja descoberta depende, geralmente, a possibilidade de se reconstituir as causas do acidente e a história do que se tenha passado. Como é possível que tão preciosa informação fique armazenada num qualquer “disco”, dentro duma qualquer caixota (que, ainda por cima, nem é negra !), com uma resistência limitada, com uma capacidade de emitir curta, e que pode ficar refugiada num sítio inacessível ? Tal informação, que será imensa se acumulada, não poderia estar a ser emitida “on line” para um computador potente instalado na sede da Transportadora, ou do Fabricante, ou numa qualquer Entidade de Controlo, oficial e idónea ? Com as tecnologias actuais, nem parece ser incomportável em termos de custo e, globalmente, bem mais barato que mandar uma “missão” a Marte !
Tal permitiria que tal informação estivesse imediatamente disponível, em qualquer emergência, sem tanto espalhafato, as mais das vezes, inútil e inconsequente. Nesta matéria parece que apenas se levantaria a questão da confidencialidade das comunicações e do seu eventual uso indevido !

Enfim ! Não pretendo depreciar ou minimizar as maravilhas da técnica e dos progressos ocorridos, especialmente de há 40 anos para cá. Eu próprio me entusiasmo com as novas tecnologias, das quais me vou procurando manter ao corrente, dentro do desejável.
Desejo, por um lado, alertar para estas incongruências inaceitáveis e sem ter a pretensão de esgotar o tema, mas acima de tudo, apelar para o bom-senso de quem se deslumbra com estes “milagres”, ignorando que o grande milagre é o da harmonia e beleza da “criação”, e em particular, o da “vida” e, ainda, o de ter sido o “homem” concebido com a capacidade de participar na criação, criando, embora com muitas limitações e erros. É o única ser da criação com tal capacidade.
Ter a humildade de perceber que o homem é limitado, e que a sua obra material é finita e efémera e, por isso, sempre susceptível de ser superada e aperfeiçoada, ajuda a aceitar o erro, sem crítica destrutiva e a disponibilizar-se para colaborar no passo seguinte, sempre na mira do “absoluto”.


MG 21.Julho.2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

Europa em Risco !

Recebi recentemente um mail com um artigo que me deixou inquieto e impressionado: são nele explicitadas previsões do que poderá ser o resultado da evolução cultural da sociedade ocidental, em particular da Europa, se nada se fizer já, de imediato, para prevenir.
Nele se aponta ao que as políticas actuais, reflexo da tal “cultura”, poderá conduzir:
- a França, dentro de cerca de 40 anos, será uma “república islâmica”,
- o mesmo acontecendo em vários outros Países da Europa, com destaque para a
Holanda, onde a previsão é para 15 anos !;
- na Rússia, em 2005, havia 1 Islamista em cada 3 habitantes, e
- nos USA, havendo 100 mil em 1970, havia 9 milhões em 2008, sendo a previsão de 50
milhões para daqui a 10 anos !
O mundo está a mudar !
Tal panorama resulta, como é evidente pela sua análise, da conjugação do efeito da invasão do Ocidente por efeito duma imigração descontrolada, com o resultante da diferença de concepção de vida das duas civilizações. As políticas de fomentadas pelos sectores ditos “progressistas”, de tendência laica e socialista (dominante no chamado “mundo ocidental”), têm conduzido, nas duas vertentes, a dois erros fundamentais de estratégia, ambos conducentes à situação revelada, parecendo corresponder a uma estratégia cinicamente concertada.

Por um lado, com o pretexto da luta contra o racismo e xenofobia, gerou-se uma situação de total descontrolo dos fluxos de imigração, fenómeno que há muito me preocupa. Nunca fui racista ! Desde os tempos de estudante que me relacionei, com toda a naturalidade e espontaneidade, e tive, mesmo, amizades com colegas de variadas origens étnicas; cheguei a ter um namorico com uma mulatinha ! Somos dum País de emigrantes, sem que os mesmos tenham alguma vez constituído problema nas comunidades em que se integraram, com a maior naturalidade; mas sou, no entanto, do tempo em que as nossa gentes só iam (para os Brasis, ou para as Áfricas) com “carta de chamada”; ou seja, ninguém ia sem ter alguém, no destino, que lhes garantia condições de vida e trabalho dignas. Não faz sentido receber alguém, se não se pode oferecer o que será desejável para o seu bem-estar. Os desmandos da emigração clandestina acabam por ser maus para quem vem e maus para quem já cá está; tem que ser travados ! Isto não é racismo, mas simples bom-senso ! Ignorar isto e mistificar esta realidade, ou é simples demagogia, ou defesa de interesses inconfessados.

Por outro lado, o segundo erro grave resulta da propagandeada concepção (dita) moderna do papel e importância da mulher: com o pretexto “feminista” da pseudo-defesa das “igualdades de direitos” e da chamada “emancipação”, tem sido intencionalmente secundarizada a sua real importância: o seu papel, essencial e insubstituível, no lar e como mãe; hoje valoriza-se o seu sucesso profissional e ignora-se aquilo em que é indispensável. Tal reflecte-se directamente na fertilidade familiar, com as consequências que todos sabem já. O resultado é tão evidente que os Países mais adiantados estão já arrepiando caminho; está bem à vista: a precariedade das relações conjugais; a instabilidade da instituição familiar; a consequente redução da natalidade; a instabilidade emocional e psíquica de muitos jovens. Nunca, como agora, as mulheres foram tão pouco respeitadas e dignificadas; nunca, com agora, houve tanta gente (especialmente, mulheres) tão pouco realizada e infeliz ! Nesta “cultura”, o conceito de mulher como “fada do lar”, é considerado “retrógrado” e quase ridicularizado !
A mais recente campanha é a do estímulo de integração de mais mulheres na política, como sinal de maturidade democrática ! Não chega o mal que lhes têm feito, já !
É evidente que ninguém nega a importância da defesa da dignidade da mulher e dos seus legítimos direitos; tão pouco, a de habilitá-las com o máximo de capacidades intelectuais e culturais. Muito menos de lhes vedar o acesso, em igualdade de oportunidades, a funções para que se sintam habilitadas, sejam estas profissionais, sociais ou políticas.
O importante será que não seja considerado como secundário e menor o que resulta do seu “dom” específico e a torna inigualável: ser Mãe ! E a questão é que se tem que tomar consciência de que é, quase sempre, difícil ou impossível compatibilizar bem o trabalho e o seu papel na família, sendo desejável que as mulheres façam uma opção consciente e clara sobre o papel que querem assumir.
Não se trata, portanto, de minimizar a sua importância, mas, antes pelo contrário, enaltecer aquilo em que é insubstituível; tentar perverter esta realidade só pode ser estupidez ou, mais uma vez, agir intencionalmente na defesa de interesses, que não os da mulher e da sociedade.

O facto dramático é que da conjugação destes dois erros culturais e políticos, que se conjugam e potenciam reciprocamente, resulta o cenário apresentado: a civilização ocidental, de raiz cultural cristã, poderá estar em risco de soçobrar, se nada se fizer. Isto é tão evidente que custa a aceitar que tal estratégia tenha sido inocente e não tenha resultado de uma “maquiavélica conspiração”.
Aliás, é o próprio Cadafi que o revela e profetiza, quando afirma não ser necessário sacrificar pessoas em acções terroristas e atentados de auto-imolados bombistas, para que, a curto prazo, o “mundo ocidental” seja “islamizado”! Esta é a “revolução silenciosa” que tem sido construída, sub-repticiamente, pelas forças políticas que tem governado esta civilização distraída e anestesiada, longe dos princípios e valores que fundamentaram as suas raízes.
Para distrair, como se tal viesse resolver algum problema real, inventam-se e põem-se na agenda da “comunicação social”, novas atitudes e comportamentos desviantes, que nada virão contribuir para dignificar a sociedade: o facilitismo de relações conjugais efémeras, o abuso duma sexualidade desumanizada, a perversão do sentido do amor, a deturpação do papel e significado da comunidade familiar, a banalização do aborto, a aceitação da homossexualidade; porém, nas civilizações de influência islâmica, tal discussão nem é tolerada, sequer e não será, certamente, o “casamento” dos homossexuais que vai resolver o problema demográfico !

Será esta conquista do ocidente pelo mundo Árabe preocupante ? Será tal importante, ou é-nos indiferente ?! O que será conveniente para o futuro dos nossos filhos e netos: recuperar a cultura (princípios e valores) de raiz cristã, ou adoptar os do Islão ?
Por mim, prefiro, continuo a preferir a cultura e ética cristãs; cada qual que escolha !
Mas esta é a questão que será urgente ponderar.
Estou consciente que levantar estas questões, não é considerado politicamente correcto; corro risco por um imperativo de consciência; tranquilizado pelas garantias que o próprio Cristo nos deixou, estou certo que será, no entanto, necessário fazer inflectir a nossa política 180º !
Afigura-se-me que não será cedo demais !
É este o apelo que se me oferece fazer neste dia, e em homenagem a todas as Mães.

MG 03.05.2009